Abordagem ao tema do petroleo

Quando no quotidiano se fala no petróleo, ocorrem opiniões provocadas pelas agencias noticiosas, que se manifestam numa multidisciplinaridade.

Assim, desde o aumento do preço dos combustíveis, que afecta desde o vulgar cidadão ao profissional de transportes, industriais e distribuidores, á flexibilidade e risco na bolsa de valores de futuros, preocupando os investidores, como ainda ao Estado, num triplo sentido: de desenvolvimento nacional, quer no PIB quer na balança comercial, quer nas receitas fiscais e finalmente em assuntos de segurança e defesa nacional, quando o país detém reservas de petróleo.

Atenta esta multidisciplinaridade de impactos/efeitos, queda - se na sociedade civil um desconhecimento deste “ouro” energético que faz girar a economia e desenvolvimento mundial, e chega mesmo a afectar a estabilidade da paz global.

Pretende - se com este curso analisar de um modo superficial, objectivo, o ciclo do petróleo, desde a sua existência e natureza até ás políticas e estratégias emergentes da sua extração, indústria e comercialização, com especial ênfase de que:

-  Trata- se de um recurso natural, propriedade dos Estados soberanos onde se situam as reservas petrolíferas;

- A sociedade civil, e seus representantes e empresas necessitam de mecanismos que indiquem os resultados prováveis, num cenário futuro, para as decisões a tomar;

- A negociação entre o Estado com o sector privado para a respectiva prospecção e extracção, implica análise de risco que é a ferramenta mais utilizada no processo decisório durante a fase exploratória. O processo de análise de risco tem que incorporar os vários tipos de incerteza, tais como, incertezas geológicas, económicas, tecnológicas e estabilidade de regras governamentais;

- Tratando - se de fontes de rendimento estatais cujo destino é o desenvolvimento social e econômico de uma nação, existem várias agências internacionais de regulamentação / vigia, de modo a que sejam protegidos os interesses da sociedade civil, do meio ambiental do planeta e da planificação da extracção - e respectivos reguladores econômico - financeiros;

- Envolvendo bens públicos há que assegurar que a negociação entre o Estado e as empresas reveste uma forma transparente, nomeadamente quanto ao estabelecimento de regimes fiscais excepcionais, que não permita uma degradação moral dos governantes através de processos de”corrupção”.

- Em termos geopolíticos mundiais, A energia deverá figurar mais do que nunca no centro das disputas internacionais porque a dependência do aparelho produtivo mundial em relação a recursos como petróleo e gás só fez crescer recentemente. Isso espelha tanto o aumento das compras internacionais de países com tradição em consumo elevado quanto a forte expansão das importações de outros países, como China e Índia, que passaram a contar destacadamente na economia política dos combustíveis não renováveis. Assegurar as condições de fornecimento tornou-se, assim, um imperativo, e a densidade da trama de fluxos mundiais de comércio implicando ambos os recursos.

2 - Abordagem ao “sistema petrolífero”

O desenvolvimento do conhecimento geológico está baseado na formulação de teorias, comprovadas  pelo processo chamado de método cientifico. Este método viabiliza a confirmação ou negações. As motivações para a pesquisa estão sempre relacionadas às necessidades de obtenção de conhecimento, visando a aumentar o poder econômico ou político. Assim, a humanidade tem evoluído no seu aprendizado sobre a geologia, visando à descoberta e ao uso mais eficiente dos recursos minerais. A partir da revolução industrial, esta nova sociedade estabelece o consumo energia, como um dos principais factores de produção. São as hipóteses formuladas para se explicar um determinado fenómeno.

Desde então, a busca pelo “ouro negro” incentivou o desenvolvimento de técnicas cientificas que auxiliassem na descoberta de jazidas comerciais de petróleo. Logo se verificou que as acumulações de hidrocarbonetos eram encontradas em bacias sedimentares. A história da evolução tectônica e o preenchimento destas bacias, de acordo com variados estilos deposicionais, foram determinantes na classificação e tipificação de ambientes propícios à descoberta de petróleo.

Os pesquisadores franceses definiram o termo Zona Petrolífera para uma conjunto de campos de óleo e gás como sendo um volume de acumulações de hidrocarbonetos na rocha, que têm em comum a fonte, a história termal, o transporte e o selo, sobressaindo-se a característica de que os hidrocarbonetos tenham composição química similar, aspecto esse relacionado com a sua origem genética.

 

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(fontes: (BOIS, 1975; GESS & BOIS, 1977)

 

Para identificar um Sistema Petrolífero, o geólogo exploracionista deve encontrar algum vestígio de petróleo. Qualquer quantidade de petróleo é uma prova da existência de um Sistema Petrolífero, não importa quão pequena seja. Uma exsudação natural de óleo ou gás, um indício de óleo em uma amostra de calha de um poço, ou uma acumulação de petróleo, demonstram a presença de um Sistema Petrolífero. Portanto, as etapas para determinar o tamanho do Sistema Petrolífero, após a descoberta de sua existência, são:

- agrupar as ocorrências de petróleo geneticamente relacionadas usando características geoquímicas e estratigráficas;

- identificar a fonte usando a correlação entre o petróleo e a rocha geradora;

- determinar uma área comum para a porção de acumulação da rocha geradora (pod), responsável pelas ocorrências de petróleo geneticamente relacionadas;

- gerar uma tabela de acumulações para calcular o total de hidrocarbonetos no Sistema Petrolífero, e aquelas rochas reservatórios, que contêm a maior parte do petróleo.

 Por último, nesta fase de identificação, nomeia-se o Sistema Petrolífero.

Os aspectos espaciais do Sistema Petrolífero são definidos como sendo as informações sobre sua localização geográfica e sua posição estratigráfica. O desenho da geografia do sistema procura reproduzir a situação encontrada na época do momento critico. A extensão geográfica do Sistema Petrolífero é definida por uma linha pontilhada que circunda a porção da rocha ativa na geração de hidrocarbonetos (pod of active source rock), e todas as ocorrências, as exsudações e as acumulações originadas deste local (pod).

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O petróleo é gerado a partir da quebra das moléculas de querogênio na rocha geradora, causada pelo aumento da temperatura e pressão durante um período de tempo. A faixa de temperatura entre 65° a 165°C é denominada “janela de geração de óleo” e até 210°C, janela de gás (THOMAS, 2001). Nessas janelas são produzidas a maturação e a expulsão dos hidrocarbonetos, que depois se movimentam por flutuabilidade. Quando a saturação do óleo alcança 0,5 a 4%, as forças de flutuação e a pressão interna condicionam a movimentação do hidrocarboneto .

 Este movimento pode ser desenhado por direções ortogonais às isso linhas de contorno da camada impermeável que controla a migração A partir da expulsão do hidrocarboneto é iniciado o processo de migração, que resulta sempre em perda das quantidades originalmente geradas.

 Na procura do melhor caminho, o fluido estabelece uma rota, por falhas ou por camadas de rochas porosas. A migração por falhas pode ser mais efetiva, mesmo contrariando a regra geral da permeabilidade sedimentar que é ser maior que a tectônica, em função de um maior gradiente de pressão encontrado.

 As técnicas actuais de exploração procuram identificar esses condutos naturais para encontrar e mapear as possíveis acumulações e escolher os locais de perfuração.

Em termos de eficiência decrescente, os capeamentos de hidrocarbonetos são: hidrato de gás, evaporitos, folhelhos e argilitos, falhas e alcatrão. Somente 2% do petróleo gerado concentra-se nas armadilhas e depósitos. O restante escapa para superfície, ou fica disperso nas rochas.

O modelo deposicional, construído por meio de dados de sísmica 2D ou 3D, poços, analogia com áreas aflorantes, informações paleontológicas e simulação numérica, permite predizer o tamanho do reservatório, por uma distribuição de probabilidade.

O Serviço Geológico dos Estados Unidos procurou estimar as quantidades de óleo convencional, gás e gás natural liquefeito no mundo, exceto nos Estados Unidos da América, que tenham potencial para acrescer suas reservas no período até 2030. Este estudo (WE2000) estimou as quantidades de recursos descobertos e não descobertos, apresentando como resultado, quanto ao grau de certeza, os valores da distribuição de probabilidade, expressos pelos percentis de F95, F50, F05 e pela média.

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Fonte: WE2000, 2000b

3 - Abordagem ao sistema de risco

 

uma organização. Durante a avaliação de risco de um projeto, as ameaças e as oportunidades devem ser definidas e quantificadas em relação aos objetivos. A chave para a tomada de decisão entre

O uso da análise de riscos para identificar e gerenciar oportunidades é recente, uma vê que,tradicionalmente, estas técnicas eram usadas para tratar as ameaças. A procura proativa por oportunidades resulta em decisões estratégicas de forma a manter em foco os objetivos originais de evitar um risco ou lidar com ele consiste em avaliar o ônus do pior resultado daquela ameaça para a organização versus o bônus que aquela oportunidade representa. Os riscos que forem assumidos devem ser gerenciados de forma a reduzir a capacidade de afetar os resultados do projeto, mantendo-se as expectativas dos benefícios, com a intenção de assegurar a sobrevivência da organização. A melhoria nas análises dos efeitos dos riscos no projeto, através de uma metodologia de estudo aprofundada e ampla, visa a identificar o impacto tanto no tempo quanto no seu custo, permitindo maior proveito das oportunidades do negócio.O bônus que aquela oportunidade representa.

As organizações tendem a ver o risco como uma questão que demanda reação. Dito de outra forma, as corporações ainda costumam portar-se reativamente diante do risco e, quando este se concretiza, as medidas adotadas diante da situação são apenas corretivas, e não reflexivas. Nesta perspectiva corretiva, as oportunidades seguem adormecidas e ocultas pela análise imediatista. Mas, como preparar-se para lidar com o empreendimento de descoberta e exploração de hidrocarbonetos? Primeiramente, reconhecendo que os riscos e oportunidades não devem ser enfrentados mas, sim, aproveitados.

Os resultados possíveis podem ser descritos como probabilidades, cujo somatório é igual a 100%. Estabelecendo-se uma situação de eventos disjuntos, onde são admitidos apenas dois resultados; por exemplo, na perfuração de um poço exploratório, as respostas podem ser: a descoberta ou poço seco, descritos pela equação:

Probabilidade { se } = 1 – Probabilidade { sucesso } ou % Chance de descoberta = 100% - (% risco de poço seco)

Apesar do preço do petróleo as grandes companhias no sector enfrentam a incerteza considerável sobre os seus rendimentos futuros. Observamos que o crescimento anual no petróleo as reservas estão a serem insuficientes persistentes ao crescimento antecipado na procura.

Apesar da consciência forte dos volumes de diminuição dos recursos petrolíferos convencionais restantes no mundo, e da necessidade de usando estes recursos eficientemente, as quantidades enormes de petróleo nunca alcançarão a superfície porque a extração em muitos países é sub-optimizada. A preferência companhias do petróleo para a renda acelerada tende a maximizar a produção adiantada. Isto pode facilmente ser feito à custa de uma recuperação mais elevada do petróleo, possível se os recursos foram recuperados durante uns períodos mais longos e com os meios apropriados nas medidas da recuperação.

Como a procura do mundo para o petróleo aumenta, entretanto, petróleo nacional governo-controlado as companhias (NOC) são empresas concorrenciais reais no global da competição para as reservas de petróleo. Os NOC estão a arriscar - se cada vez mais para além da proximidade do seu país de origem à procura das reservas. Há aproximadamente 60 NOC no mundo inteiro, e quase metade delas para possuem  reservas fora de seu país de origem, ou com ambições de expansão. De acordo com o Washington DC energia da empresa de consultoria PFC, cerca de 77% dos 1.1 trilhões de tambores de reservas de petróleo mundial  é controlado pelos governos que restringem significativamente o acesso às companhias internacionais.

Empresas petrolíferas internacionais (IOCs) e companhias nacionais, em relação às rivais, operam  juntas. Em muitos casos, os NOC têm falta de dinheiro, da tecnologia ou das habilidades administrativas necessários para realizar os grandes projetos e procuram trabalhar com empresas maiores. Mas alguns NOC ganharam bastante "knowhow" para começar a fechar estas parcerias. De acordo com dados de PFC, uns negócios mais bilaterais estão a ser feitos no meio NOC, permitindo que um opere-se noutro país de origem, fazendo com que saiam cenário as empresas internacionais. O IOCs frequentemente ainda tem uma vantagem tecnológica e operam geralmente campos petrolíferos mais eficientemente do que suas contrapartes nacionais. Há casos em que, os IOCs perdem a favor dos NOC onde, por exemplo, são subvencionados por empréstimos de baixo custo ou sem juros. A ascensão dos NOC é ligada á vontade de rendimentos diretos do petróleo e do controle da energia pelos governos para as suas populações, e o desenvolvimento de novas tecnologias. Os laços entre NOC e seu os governos são raramente transparentes, entretanto, e diversos NOC têm um poder arbitrário significativo e autoridade. Podem igualmente ser isentos das limitações legais, por exemplo, na sua própria obtenção de procedimentos. A discussão de política em torno do regulamento do petróleo deve reconhecer que o petróleo internacional do mercado está a evoluir continuamente, e o NOC é um actor cada vez mais importante.